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Quinta dos Azulejos

EDIFÍCIOS E ESTRUTURAS CONSTRUÍDAS AGRÍCOLAS
Quinta de produção e recreio

EDIFÍCIOS E ESTRUTURAS CONSTRUÍDAS RESIDENCIAIS
Edifícios e estruturas construídas residenciais unifamiliares: palacete

Classificação tipológico-funcional e cronológica: arquitetura residencial e agrícola, setecentista

Região de Lisboa e Vale do Tejo, Lisboa, Lisboa, Carnide, Rua do Norte, n.º 15-21

Com origens que remontam aos séculos XVII / XVIII, em 1720, há referências à quinta, então denominada do Mercador, onde viviam José da Acha e sua mulher, D. Antónia Magdalena da Cunha. Em 1733, é referida como quinta de Santa Martha, por ser residência do desembargador Joaquim Rodrigues de Santa Martha Soares. A partir de meados do século XVIII, dado que a casa, os jardins e o arco da nora tinham recebido revestimento azulejar, passou a ser conhecida como quinta dos Azulejos, designação que mantém.

“[a] quinta de Santa Martha, ou dos Azulejos, assim chamada por ter forradas de azulejos as paredes que deitam para o jardim, e as escadas, que são exteriores, a varanda, a nora, a parede do tanque, e as paredes dos alegretes altos, tudo em assumptos variados, em grandes quadros, em medalhões, com damas nobres e archeiros, e deuses mythologicos, e quadrinhos que fazem lembrar o Nicolau Tolentino.” (Pereira, 1910, pp. 64-65)

O edifício principal e o muro do jardim anexo correm ao longo da Rua do Norte. A fachada principal é delimitada por cunhais e beiral e desenvolve-se em dois pisos, separados por friso. No piso térreo,  a porta de acesso ao edifício, com moldura de cantaria rematada por cornija retilínea, é ladeada por janelas de peito, também emolduradas por cantaria simples. No piso superior, as janelas, com molduras de cantaria simples e cornijas trabalhadas, são de sacada protegidas por guardas de ferro.

Acesso ao jardim
Acesso ao jardim

Na extremidade sul, a fachada prolonga-se no muro do jardim, com entrada independente por portão enquadrado em moldura de cantaria rematada por cornija retilínea; na outra extremidade, a norte, integra-se no muro o portal de acesso ao pátio interior, com moldura de cantaria trabalhada e remate em cornija retilínea. Adjacente a este pátio, encontra-se um anexo também com porta de acesso à via. Nos topos do edifício, duas escadarias exteriores davam acesso ao andar nobre, com decoração azulejar a azul e branco.
As fachadas sul e poente estavam interligadas por uma varanda de grandes dimensões, entretanto truncada, com as paredes revestidas com painéis de azulejo representando figuras mitológicas, idênticos aos que existem no piso térreo.
Os painéis de azulejos do jardim apresentam cenas caricaturais e pitorescas, podendo identificar-se modelos extraídos da Comedia dell’Arte, entre outros.
A data “1747” surge no revestimento azulejar da nora, embora os silhares das salas do piso nobre, com motivos ornamentais e painéis figurados, sejam provavelmente anteriores.

Fontes:
Calado, M., & Ferreira, V. M. (1993). Lisboa: Freguesia de Carnide. Lisboa: Contexto.
Pereira, G. (1910). Pelos subúrbios e visinhanças de Lisboa. Lisboa: Livraria Clássica.
Simões, J. M. dos S. (1968). Quinta dos Azulejos, Carnide [manuscrito].  Acedido em http://digitile.gulbenkian.pt/cdm/singleitem/collection/jmss/id/6523/rec/1

Autoria: projeto e-Carnide
Data: 2016