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Quinta do Bom Nome

EDIFÍCIOS E ESTRUTURAS CONSTRUÍDAS AGRÍCOLAS
Quinta de produção e recreio

EDIFÍCIOS E ESTRUTURAS CONSTRUÍDAS RESIDENCIAIS
Edifícios e estruturas construídas residenciais unifamiliares: palacete

Classificação tipológico-funcional e cronológica: arquitetura residencial e agrícola, setecentista

Região de Lisboa e Vale do Tejo, Lisboa, Lisboa, Carnide, Estrada da Correia, n.º 53; Estrada do Poço do Chão, n.º 249

Proteção:
IIP – Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 251/70, DG, 1.ª série, n.º 129 de 03 junho 1970
ZEP, Portaria no DG, 2.ª série, n.º 267 de 17 novembro 1970

A quinta de produção agrícola e com casa senhorial foi fundada no século XVII e reconstruída no século seguinte, no sítio do Bom Nome, o qual era atravessado por um veio de água, na altura, denominado Rio Seco. Conheceu várias designações, como, entre outras, Quinta do Sarmento, por ter sido adquirida por um indivíduo com este nome em finais do século XVIII, ou Quinta das Mercês, por ser o orago da capela.

“Fica esta boa caza e quinta na Estrada da Correia, em sitio ameno e muito aprazivel […]. Teve elle nos seculos anteriores a denominação do Bom Nome, e como tal figura nos roes de 1719, 1729, etc., com 4 e 5 fogos que se estendiam até à atual estrada militar.
[…] Tem excellente caza de habitação com uma fertilissima quinta. É de nobre apparencia e a melhor de quantas se encontram nos arrabaldes de Carnide.” (Pereira, 1914, p. 415).

A planta organiza-se em torno do pátio central, quadrangular: a sul e este, o conjunto edificado de dependências agrícolas, entretanto reconvertidas; a oeste, o edifício principal, de planta em L, elevada em três pisos, o último dos quais em mansarda com coberturas de telhado a duas e quatro águas. O edifico principal era a casa senhorial de habitação e os anexos serviam para guardar as alfaias e os produtos agrícolas.

Pátio: acesso às antigas dependências agrícolas
Pátio: acesso às antigas dependências agrícolas

A entrada principal, senhorial, faz-se pela Estrada da Correia, através de um portão ladeado por dois janelões gradeados. Os vãos inserem-se num muro alto, com remate superior saliente e de perfil mistilíneo, atrás do qual se abre um pátio quadrangular, definido pelo palacete e pelo conjunto de construções de apoio à atividade agrícola.
A fachada principal da casa corresponde ao braço mais extenso do L na Estrada da Correia. Fachada organizada dois corpos contíguos e definidos por pilastras e cunhal e dois pisos separados por cornija. O corpo principal, contíguo ao pátio, é rasgado por catorze vãos com molduras de cantaria e guardas de ferro, correspondendo a sete janelas de peito, no piso térreo, e, no enfiamento destas, sete janelas de sacada, no piso superior. O corpo lateral corresponde à capela, com portal monumental encimado por janelão rematado por frontão triangular; ao nível do segundo piso, dois vãos quadrados, iluminantes, sobre a nave e a zona do altar.
No alçado ocidental, que dá sobre o pátio, junto à entrada do piso térreo, está adossado um lanço de escadas de acesso direto ao piso nobre.
No palacete, destaca-se a decoração azulejar barroca e rococó, geralmente, em azul e branco, com eventuais apontamentos de amarelo, verde e roxo-manganês  (ou «cor de vinho»)1: nos corredores, silhares com o campo polícromo de motivos florais em padrão, molduras de marmoreado e de motivos ornamentais azul e branco, sobre rodapé de marmoreados em manganês; nos salões do piso nobre, silhares com cenas de caça e campestres, associadas ao quotidiano rural da quinta, emolduradas por elaborados motivos de concheados. A cozinha é integralmente revestida a azulejo de figura avulsa naturalista, alternando motivos de estrela e flores. A escada de acesso ao piso nobre é ladeada por silhares com cenas de singeries (ou «macacarias») e simbologia relacionada com a abundância da natureza, com emolduramentos fitomórficos e concheados.
Da parte agrícola da quinta subsistem dependências para habitação e arrecadações, armazéns, um poço com nora e um troço de muro com janela gradeada.
Entre os proprietários e moradores na quinta, destaca-se o cónego José Caetano Mesquita de Quadros, em finais do século XVIII, e Manuel Sarmento, 2.º Visconde Balsemão, no início do século XIX. Posteriormente, funcionaram na quinta o Instituto Luso-Belga, o Colégio Fialho de Almeida e a Casa de Repouso e Reabilitação da Luz. Algumas dependências foram utilizadas como oficinas de automóveis. Nas últimas décadas do século XX (1963-1998), o piso térreo do edifício senhorial foi habitado pela família Teotónio Pereira. Foi depois adquirido para a instalação do Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA), atualmente Universidade Europeia.

Referência:
Pereira, J. B. (1914). Memórias de Carnide. O Instituto: Revista Scientifica e Literaria, 61(8), 404-422.

Documento fotográfico
Quinta do Bom Nome
Simões, J. S. (Santos Simões), 1960-1970.
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian
Alçado principal e entrada Foto: João Miguel dos Santos Simões, 1907-1972. Data de produção da fotografia original: 1960-1970. [CFT009.1094.ic]

Autoria: projeto e-Carnide
Data: 2016

  1. O conjunto azulejar foi identificado e fotografado Simões, na década de 1960, por João dos Santos Simões, cujo espólio se encontra na Fundação Calouste Gulbenkian, que os disponibiliza em linha (Ver). []